quão tênue da vida para morte
de segunda a segunda.
pelo menos até segunda que vem minha vida vai estar num montante de preocupações que vieram e que virão.
perder um bicho de estimação. tão doloroso como um ente querido.
não gosto de pensar que posso perder um velho companheiro... mas penso.
penso e isso corrói, dói.
quero pensar que vou ao estádio com ele, dia 25 de janeiro, ver o Taubaté jogar na 2º divisão, depois de muitos anos na 3º.
quero pensar que poderei jogar laranjas no bandeirinha, ouvir jogo pelo radinho e voltar xingando o time todo o percurso estádio-casa.
quero vê-lo sentar na rede, pegar seu cigarro, olhar distante e continuar ouvindo seu radinho, ligado à todo vapor.
quero percebe-lo pelo seu mau-humor aparente, apenas aparente, das brincadeiras que ninguém entende e eu herdei.
quero presenciar seu sorriso, mesmo de canto de boca, pra ninguém perceber que o faz.
quero continuar ganhando meu dinheirinho do guaraná, mesmo que com esse dinheiro eu possa comprar uns dez guaranás.
quero saborear o bacalhau de páscoa, aquele que há 23 anosele elabora e me faz um homem muito feliz - mesmo quando não estou -, quando posso repetir por três vezes.
quero ele por perto, mesmo estando longe.
fica bem, velhinho, fica bem...